"Vamos morrer pelas nossas terras", índios Guarani declaram em Brasília
17 outubro 2014
© CIMIQuarenta líderes Guarani viajaram mais de 1.000 km até Brasília para instar que as autoridades demarquem suas terras ancestrais antes que mais dos seus parentes sejam mortos.
A delegação manifestou a sua consternação com a recente decisão do Supremo Tribunal Federal que, se sustentado, seria um retrocesso enorme para a campanha de terra de uma comunidade cujo líder com renome internacional, Ambrósio Vilhalva, foi morto no ano passado.
Em resposta ao fracasso do governo de cumprir o seu dever legal de demarcar as terras dos Guarani para o seu uso, os líderes declararam “Não vamos mais aguardar a promessa do governo… Vamos resistir, e vamos morrer pelas nossas terras.”
Esta resistência consiste em retomadas de terras, que muitas vezes resultam em violência, mas que os Guarani consideram a única maneira de voltar para sua terra. A comunidade de Kurussu Mba foi atacada por pistoleiros três vezes desde que reocupou parte de sua terra no mês passado, e agora os índios enfrentam uma ordem judicial ameaçando despejá-los.
© Fabio Artese/Survival
Milhares de Guarani no centro-oeste do Brasil estão vivendo em reservas superlotadas e acampamentos nas beiras de estradas perigosas, onde são atacados, mortos e obrigados a suportar a desnutrição e uma das taxas de suicídio mais altas do mundo.
Enquanto isso, os fazendeiros ganham enormes lucros da cana de açúcar, soja e gado em suas fazendas que ocupam a terra ancestral dos Guarani, e frequentemente contratam pistoleiros para atacar os índios.
Eliseu Lopes, um líder Guarani, visitou a Europa pela primeira vez no mês passado, em busca de apoio internacional para o seu povo e seu sofrimento. Ele disse à Survival Itália, “Para nós, a terra é a vida, a terra é tudo, mas toda a nossa terra foi destruída… o governo não está demarcando nossas terras, e por isso estamos fazendo a justiça com nossas próprias mãos.”
Leia a declaração mais recente dos Guarani e uma carta da comunidade de Kurussu Mba, e apoie a campanha pela demarcação das terras dos Guarani.




