Brasil: Indígena Guarani assassinado por pistoleiros enquanto as tensões aumentam
2 setembro 2015
© Local mediaUm indígena do povo Guarani foi assassinado por pistoleiros no Mato Grosso do Sul, uma semana depois da retomada de sua comunidade de parte de sua terra ancestral. A comunidade tinha alertado que estava com risco de morte depois de estar cercada por pistoleiros.
Semião Vilhalva foi morto sábado, durante um ataque contra a comunidade de Nanderu Marangatu por pistoleiros contratados por fazendeiros. Relata-se que agentes do governo estavam presentes.
Um bebê de um ano de idade foi ferido com um tiro de borracha na cabeça e outros foram feridos no ataque.
Ontem (terça-feira) lideranças indígenas protestaram em Brasília, contra a violência e instando para poderem viver em paz em suas terras ancestrais.
Parte da terra da comunidade de Nanderu Marangatu agora fica ocupada por uma fazenda cuja dona, Roseli Silva, é Presidente do Sindicato Rural da região, que fomenta o uso de violência contra os povos indígenas para tentar mantê-los fora de suas terras.
Os Guarani informaram que o ataque de sábado foi coordenado por Silva, depois de uma reunião em que fazendeiros e políticos discutiram como enfrentar a retomada dos Guarani.
A associação Guarani, Aty Guasu, disse: “Estes fazendeiros e políticos… estão incitando a violência, massacre, e ódio contra as vidas indígenas Guarani. São cruéis e precisam ser punidos!”
A grande parte da terra dos Guarani foi roubada décadas atrás. A Constituição brasileira exige que o governo demarque todos os territórios indígenas para devolvê-los para o uso exclusivo dos índios antes de 1993, mas a maioria das terras dos Guarani permanece nas mãos dos fazendeiros.
© Paul Patrick Borhaug/Survival
A maioria dos Guarani são forçados a viver em reservas superlotadas ou acampamentos ao lado da estrada, onde as taxas de desnutrição, doenças e suicídio são altíssimas.
No mês passado, a ONU exigiu medidas urgentes para ajudar os Guarani, contra a violência dos fazendeiros e sua “campanha pela disseminação de terror psicológico". Porém, as autoridades brasileiras não forneceram a proteção necessária.
Assista aqui um vídeo gravado logo após o assassinato do Semião (aviso: contém imagens angustiantes)



