A Survival International pede por proteção policial para povo indígena isolado
4 dezembro 2018
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A Survival International pediu um aumento urgente na proteção policial para um dos povos indígenas isolados mais vulneráveis do mundo, após medidas para proteger seu território serem interrompidas.
O povo Kawahiva vive em uma das áreas mais violentas no Brasil, onde as taxas de desmatamento ilegal têm sido as mais altas do país. Muitos membros do povo foram mortos nas últimas décadas.
A violência de madeireiros e fazendeiros ilegais está impedindo a FUNAI de realizar seu trabalho efetivamente na área, no Mato Grosso, deixando o povo exposto e sob risco de aniquilação.
A equipe da FUNAI responsável pela proteção da terra dos Kawahiva requer o acompanhamento policial para sua segurança e para suas expedições de monitoramento de exploração ilegal de madeira e de expulsão de invasores.
Em abril de 2016, o Ministro da Justiça assinou um decreto para criar um território indígena protegido na terra para manter invasores fora. Isso foi um grande passo para as terras e vidas dos Kawahiva, e aconteceu após pressão de apoiadores da Survival ao redor do mundo.
Mas os esforços para demarcar o território, conhecido como Rio Pardo, foram paralisados, e etapas vitais no processo de demarcação não foram completados. A Survival tem pressionado para que este processo seja acelerado e para o apoio policial para o trabalho da FUNAI na região.
A Survival lançou uma nova ação de emergência, ‘4 semanas pelos Kawahiva’, para encorajar o governo brasileiro a demarcar a terra e evitar o genocídio dos indígenas antes que Jair Bolsonaro assuma a Presidência em 1º de janeiro.
O território dos Kawahiva fica no município de Colniza, onde cerca de 90% da renda é da exploração ilegal de madeira. Os Kawahiva são caçadores-coletores nômades, mas agora estão vivendo em fuga. Eles fogem das invasões ilegais de sua floresta, que os põem em risco de serem exterminados pela violência de forasteiros que querem roubar sua terra e recursos, e por doenças como a gripe e o sarampo, aos quais não têm resistência.
Jair Candor, o coordenador da equipe da FUNAI da região, disse: “A única maneira de garantir o seu futuro é fazer a demarcação da terra e colocar uma equipe permanente de fiscalização. Se não, será mais um grupo que vai ficar só na história, como tantos outros aqui na região.”
Stephen Corry, diretor da Survival International, disse hoje: “Após a trágica tentativa de John Allen Chau de contatar o povo Sentinelese, houve um grande aumento no apoio na opinião pública para que os povos indígenas isolados sejam deixadas em paz. Elas são os povos mais vulneráveis do planeta, mas quando sua terra é protegida, elas prosperam.
“O trabalho da FUNAI e de agentes de proteção ambiental é crucial para evitar o genocídio dos Kawahiva, e a destruição de seu território, que é uma parte incrivelmente diversa da Amazônia. Nós urgimos às pessoas que escrevam às autoridades brasileiras em apoio ao direito dos Kawahiva de sobreviverem.”