Milhares de garimpeiros invadem o território Yanomami

1 julho 2019

Um de muitos garimpos espalhados pela terra Yanomami © FUNAI

Esta página foi criada em 2019 e talvez contenha linguagem obsoleta.

Cerca de 10.000 garimpeiros invadiram o território Yanomami espalhando malária e poluindo com mercúrio muitos rios da região.

Apesar de muitos Yanomami terem contato com a sociedade não-indígena, sabemos que pelo menos um grupo de indígenas isolados vive na área invadida, e as autoridades estão investigando rastros que indicam que até 6 outros grupos de Yanomami isolados vivam na mesma região.

O fluxo intenso tem sido apontado pelos líderes indígenas do local como a causa da morte de 4 crianças. Eles dizem que os garimpeiros estão construindo assentamentos e pistas de pouso encorajados pelo discurso do presidente Bolsonaro, que apoia a invasão de terra, e seus ataques frequentes aos povos indígenas.

Alguns garimpos estão localizados a apenas alguns quilômetros dos Yanomami isolados.

A aldeia de um grupo de indígenas isolados no território Yanomami. © Guilherme Gnipper Trevisan/FUNAI/Hutukara

A associação Hutukara, do povo Yanomami, estima que a quantidade de garimpeiros seja de 10.000 indivíduos. Eles também relatam a devastação dos rios e florestas de onde retiram caça e peixes de que dependem para sobreviver.

Os Yanomami estão pressionando o governo para que expulse esses garimpeiros. No início do ano os povos indígenas do Brasil lideraram a maior manifestação internacional pelos direitos indígenas da história, depois que o presidente Bolsonaro ‘declarou guerra’ contra eles.

Os 35.000 indígenas Yanomami ocupam os dois lados da fronteira entre Brasil e Venezuela. Cerca de 20% da população Yanomami do lado brasileiro morreu de doenças trazidas pelos garimpeiros durante a corrida do ouro no final da década de 80 e começo dos anos 90.

Mãe e filho Yanomami em uma aldeia atingida pelas doenças trazidas pelos garimpeiros nos anos 90. © Antonio Ribeiro/Survival

Após uma longa campanha internacional liderada por Davi Kopenawa Yanomami, pela Survival e pela Comissão Pró-Yanomami (CCPY), em 1992 a terra indígena foi finalmente demarcada e ficou conhecida como o ‘Parque Yanomami’. Os territórios Yanomami do Brasil e Venezuela juntos formam a maior terra indígena coberta por floresta de todo o mundo.

Davi Kopenawa, conhecido como ‘o Dalai Lama da Floresta’ afirmou: “Eu calculo que quatro rios – Uraricoera, Mucajaí, Apiaú e Alto Catrimani – estão poluídos. Eles [os garimpeiros] não trazem nada [de bom]. Só estão trazendo problema. A doença que cria é a malária, já aumentou nesse lugar. Lá no Amazonas na região Marari a malária aumentou. Já matou quatro crianças.”

O diretor da Survival International afirmou hoje: “O racismo do presidente Bolsonaro tem consequências trágicas – e a corrida do ouro em curso no norte do país é apenas uma delas. Está devastando o povo Yanomami, que foi atacado e massacrado trinta anos atrás durante a última febre do ouro na região. Bolsonaro está satisfeito em assistir as pessoas morrerem e a floresta ser destruída – apenas o clamor público do Brasil e do mundo pode detê-lo.”

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