Povo indígena isolado sob ameaça após plano secreto de senador para abrir seu território
1 dezembro 2020
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O território indígena Ituna Itatá (“Cheiro de Fogo”), no Pará, onde vivem indígenas isolados está sob grave ameaça. O senador do PSC (Partido Social Cristão) e membro da Assembleia de Deus, Zequinha Marinho, está em campanha para abrir essa terra para grileiros, madeireiros, fazendeiros e garimpeiros. Ele tem fortes ligações com o lobby da mineração, pecuária e com esquemas de grilagem de terras.
O OPI – Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato – revelou em relatório divulgado recentemente que ele escreveu ao governo alegando a inexistência de isolados na área e exigindo a revogação da restrição de uso para uma parte do território. O objetivo é, eventualmente, abrir toda a área para a exploração comercial.
O território de Ituna Itatá é habitado apenas por indígenas isolados. Sua presença e seus vestígios no território têm sido observados e registrados pela FUNAI por décadas.
Essa área já é fortemente visada e invadida por grileiros e madeireiros. O desmatamento ilegal tem aumentando drasticamente desde 2016 com a conclusão das obras da barragem de Belo Monte localizada bem próximo à Ituna Itata. Em 2019, foi o território indígena mais desmatado do Brasil.
Outra grave ameaça para a região é o projeto da mineradora canadense Belo Sun para criar a maior mina de ouro a céu aberto da América Latina.
Servidores da FUNAI planejaram uma expedição ao território em resposta à campanha do senador Marinho. Os resultados de sua expedição poderiam ser usados para justificar o desmantelamento das medidas atuais que protegem a área. No entanto, após a denúncia feita pelo OPI, o Ministério Público Federal recomendou a FUNAI a suspender a expedição,
alegando o perigo da introdução do Covid-19 no território; remover os madeireiros e grileiros; e iniciar a demarcação do território.
Antes e depois: desmatamento na Terra Indígena Ituna Itata da Survival International no Vimeo.
A Terra Indígena Ituna Itatá deveria ter sido demarcada e protegida anos atrás, essa foi uma das condições para a aprovação do grande projeto da barragem de Belo Monte.
O OPI concluí a denúncia no relatório alertando que: “diante das evidências sobre a existência dos grupos isolados e sobre o processo de invasão e esbulho da Terra Indígena, a Direção da “Nova Funai” ainda assim tem continuado a trabalhar no sentido de diminuir a área de restrição de uso e de a liberar para a colonização. Concluímos disso que, sob a governo Bolsonaro, foi intensificada a aliança entre ruralistas e evangélicos fundamentalistas visando o esbulho de terras públicas e o desmonte da política de proteção de povos indígenas isolados.”